Monitoramento Econômico: agosto de 2025 em perspectiva para o varejo

Como agência especializada no varejo, a 8Três compila mensalmente dados de diferentes fontes para ajudar lojistas e investidores a entenderem o cenário macro e orientar decisões estratégicas. Em agosto de 2025, indicadores de inflação, desempenho de vendas e expectativas das empresas apontaram ajustes relevantes para os próximos meses. A seguir, trazemos os principais destaques.

REPORTS VAREJO 8TRÊS

Emerson Soares e Rodrigo Sanner

9/27/20255 min read

Resumo do mês de Agosto/2025

· Inflação em queda pontual: o IPCA recuou 0,11 % em agosto, a primeira deflação em um ano, graças à queda na tarifa de energia elétrica e aos preços mais baixos dos alimentos[1]. A prévia IPCA‑15 também caiu 0,14 %, reduzindo a inflação anualizada para 4,95 %[2]. Analistas, porém, ressaltam que o núcleo de serviços segue pressionado, limitando cortes imediatos na Selic[3].

· Varejo em retração: o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) apontou queda real de 1,4 % nas vendas, com recuos maiores em bens duráveis (‑4,1 %) e serviços (‑1,8 %)[4]. As vendas online cresceram 3,9 %, mas a expansão nominal das lojas físicas (3,4 %) não compensou a inflação[4].

· Confiança em declínio: o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) diminuiu 3,1 % e acumula queda de 6 % em 12 meses, refletindo pessimismo com condições atuais, expectativas e planos de investimento[5]. O Paraná acompanhou a tendência, com retração de 4,2 % no ICEC local[6]. Para as famílias, a Intenção de Consumo recuou 0,3 % ante julho[7].

· Projeções suavizadas: o Relatório Focus reduziu a previsão de IPCA para 2025 para 4,83 % e manteve o PIB em torno de 2,16 %. A Selic segue projetada em 15 % até o fim de 2025, com cortes apenas em 2026[8][9].

· Tendência para os próximos meses: o alívio na inflação é visto como temporário, pois serviços e preços administrados continuam pressionados. Juros elevados e endividamento das famílias podem continuar afetando as vendas do varejo.

Análise setorial do varejo

Performance por macrosetor

A economia brasileira viu desaceleração no consumo em agosto. No setor de serviços, as vendas recuaram 1,8 %, refletindo menor gasto com turismo e lazer[4]. Em bens não duráveis, a deflação dos alimentos ajudou a segurar a queda, que foi de apenas 0,4 %, com supermercados avançando nominalmente 0,2 %[10]. A maior retração veio dos bens duráveis e semi‑duráveis, com queda de 4,1 % – alta de juros freou compras de veículos, eletrodomésticos e móveis[10].

Canais e regiões

O e‑commerce cresceu 3,9 % nominalmente, impulsionado pelo conforto das compras online e promoções digitais[4]. Já as lojas físicas avançaram 3,4 %[4], mas ao descontar a inflação, o setor ficou no vermelho. Regionalmente, o Norte teve a maior retração real (‑4,0 %), seguido por Centro‑Oeste (‑2,7 %) e Sul (‑2,3 %), enquanto Sudeste e Nordeste apresentaram recuos mais brandos[4].

Confiança e intenção de consumo

O índice de confiança do empresário do comércio caiu para 102,9 pontos em agosto, com queda em todas as dimensões: condições atuais, expectativas e investimentos[5]. A retração foi mais acentuada em lojas de bens duráveis (‑8,8 % anual)[11]. Entre as famílias, a intenção de consumo recuou 0,3 % no mês, influenciada pela percepção de que é um mau momento para comprar bens duráveis e pela queda na renda[7], embora a expectativa de emprego tenha melhorado[12].

Dinâmica de preços

IPCA de agosto

O IPCA registrou deflação de 0,11 %, puxado pela queda de 4,21 % na energia elétrica graças ao bônus Itaipu e pela queda nos preços dos alimentos, como tomate e batata[1]. Transportes também contribuíram, com recuo nas passagens aéreas e combustíveis[1]. Vestuário e educação subiram levemente.

IPCA‑15 por grupos

A prévia IPCA‑15 mostra que habitação (‑1,13 %), alimentação (‑0,53 %) e transportes (‑0,47 %) foram os grupos que mais puxaram a deflação[2]. Por outro lado, saúde e cuidados pessoais (+0,64 %), educação (+0,78 %) e despesas pessoais (+1,09 %) registraram altas[13].

Projeções macroeconômicas

O Relatório Focus (22/09/25) projeta IPCA de 4,83 % em 2025, 4,29 % em 2026 e 3,90 % em 2027[8]. O crescimento do PIB é estimado em 2,16 % para 2025 e próximo de 1,8 % nos anos seguintes[8]. A taxa Selic deve se manter em 15 % até o final de 2025 e só recuar em 2026[9], enquanto o câmbio é previsto na casa de R$ 5,50[9].

O que esperar para o varejo

Embora a inflação tenha recuado em agosto, o cenário de juros elevados e endividamento das famílias pode continuar pressionando as vendas nos próximos meses. Programas sociais e liberação de créditos podem dar algum fôlego, mas a retomada consistente depende de uma melhora na confiança e de uma desaceleração mais sólida nos núcleos inflacionários. A 8Três seguirá monitorando indicadores como confiança do consumidor, intenção de consumo e tendências de preços para auxiliar seus clientes a planejar estoques, promoções e investimentos.

Análises e insights sob medida: nossos clientes recebem relatórios mensais com indicadores de vendas, inflação e macroeconomia, além de consultoria para desenhar estratégias comerciais alinhadas ao cenário. Conte com a 8Três para transformar dados em decisões e garantir competitividade no varejo.

[1] IPCA desacelera em agosto e cai 0,11%, primeira deflação em um ano | Exame

https://exame.com/economia/ipca-agosto-2025-ibge/

[2] [3] [13] Deflação de 0,14% em agosto quebra sequência de altas no IPCA-15

https://www.poder360.com.br/poder-economia/deflacao-de-014-em-agosto-quebra-sequencia-de-altas-no-ipca-15/

[4] Faturamento do varejo cai 1,4% em agosto, aponta Cielo | CNN Brasil

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/faturamento-do-varejo-cai-14-em-agosto-aponta-cielo/

[5] [11] Relatório ICEC ago25

https://agroenegociosrr.com.br/wp-content/uploads/2025/08/Relatorio-ICEC-Agosto-2025.pdf

[6] Confiança do comércio recua em agosto – Fecomércio PR

https://www.fecomerciopr.com.br/sala-de-imprensa/noticia/icec-ago25/

[7] [12] Intenção de consumo das famílias recua 0,3% em agosto ante julho, diz CNC | CNN Brasil

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/intencao-de-consumo-das-familias-recua-03-em-agosto-ante-julho-diz-cnc/

[8] Boletim Focus: Mercado espera taxa Selic em 12,25% no final de 2026 | 22.09.2025 - XP Investimentos

https://conteudos.xpi.com.br/economia/boletim-focus-mercado-espera-taxa-selic-em-1225-no-final-de-2026-22-09-2025/

[9] Boletim Focus: Selic recua para 2026 | 15.09.2025 - XP Investimentos

https://conteudos.xpi.com.br/economia/boletim-focus-selic-recua-para-2026-15-09-2025/

[10] Atividade do comércio registra queda de 1,5% em agosto, mostra Serasa | Monitor Mercantil

https://monitormercantil.com.br/atividade-do-comercio-registra-queda-de-15-em-agosto-mostra-serasa/